Por Elis Franco
Uma pessoa inteligente
deve sempre se lembrar
dos limites do
próprio poder e alcance.
Ryan Holiday
A
Lua tem fases. É preciso aprender com ela. Ao contemplarmos cada ciclo, cada
transmutação desse satélite, caso prestemos bem atenção, ele nos deixa uma bela
lição: há momentos em que é necessário ceder espaço, esconder-se; em outros, cabe-nos iluminar os lugares onde
estamos inseridos, feito lua cheia. Cada tempo pede recolhimento ou abertura,
proatividade ou certa dose de passividade. A Lua não deixa de ser Lua quando
permite um maior ou menor espelhamento da luz solar. Parceiros, Sol e Lua vivem
o jogo do ocultamento e revelação, e ambos cumprem sua função no universo:
tornar dias e noites mais iluminados.
No
entanto, infelizmente, nós nem sempre sabemos vivenciar a parceria. Nosso ego,
às vezes, impulsiona-nos a querer “aparecer” mais do que o outro, a não
aceitarmos o jogo do espelhamento, colaborando para que uma ação, uma prática,
uma criação não nossa deixe de ser refletida através de nós. Isso ocorre em
diversos âmbitos em que o trabalho em equipe se faz necessário, seja em um time
de futebol, na política ou em outras relações partilhadas. Assim, tendemos a
fazer “minguar” gestos, ações e esforços apenas por não suportarmos celebrar a
vitória de alguém que conosco convive, ainda que essa vitória não signifique a
nossa derrota.
Em
certas situações, é preciso recuar, não por incapacidade, mas porque há outros
indivíduos tão capazes quanto nós e que precisam de abertura para atuar. Nosso
auxílio a um projeto pode ser realizado nos bastidores e, ainda assim, sermos
aquela mão impulsionando para a fase crescente, a qual culminará em um
brilhante resultado. Cabe, portanto, reconhecer nossos momentos lua nova,
quando deixamos de ser percebidos, porém, lá na frente, voltarmos a captar a
atenção de todos que se deleitam com o esplendor luminoso de nossas ações
reveladas.
Todas
as vezes, em qualquer atividade não individual, que a cooperação é deixada de
lado, corre-se o risco de ou fracassar imediatamente ou, ainda que tudo dê
certo por algum tempo, colaborarmos para o fortalecimento de pessoas com o ego
inflado, capazes de achar que são imbatíveis sozinhas. Um time, por exemplo,
que deposita sua confiança em um ou dois
atletas e se esquece de preparar e confiar nos demais, certamente, não estará tão
preparado quanto aquele que investe no conjunto, dando a cada um a oportunidade
de colaborar para a execução da tarefa.
Existe
uma frase atribuída a Chico Xavier que diz: “Tudo que é seu encontrará uma maneira de chegar até você”. Eu
completaria: tudo que é nosso, caso façamos nossa parte de maneira íntegra, sem
atropelar ou prejudicar o outro, além de chegar, permanecerá. Portanto, sejamos
como a Lua e cumpramos as nossas fases de ocultamento e revelação. Espelhemos,
também, os outros sóis que brilham ao nosso redor, pois concluir a caminhada ao
lado de alguém é bem melhor do que não ter com quem brindar a vitória caso ela
seja alcançada.
Várzea da Roça/Ba, 20 de janeiro de 2018
Iniciei a escrita observando a Lua.
Feira
de Santana, 23 de janeiro de 2018.
Concluí o texto desejando muito aprender com
a Lua.
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