Isto de fazer versos talvez seja
insônia,
amores malfadados, indagações, cansaço.
Não lido com eu lírico, o que escrevo
sou eu: mulher, mãe, brasileira.
Não sei fingir que sinto, meu verso é
narcísico:
contemplo-me e reflito-me em palavras.
Isto de fazer versos é coisa de quem
sabe partir-se. Eu não sei.
Na insônia, cansaço, desilusão,
apenas componho-me em rabiscos...
Isto de fazer versos é dura
aprendizagem,
ou ofício de quem sabe desintegrar-se.
Mas eu só sinto a vida pulsar
de-va-ga-riiii-nho.
Um dia – quem saberá quando?−
rabiscarei,
para além de mim, o verso almejado.
In:
Focus: antologia poética XII. Org. Ivan de Almeida. Salvador: Cogito:
2017. p. 68
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