Por Elis Franco
O mundo digital, sem sombra de
dúvida, oferece-nos um espaço de sociabilidade, ainda que não presencial,
incrível. Nossas redes sociais cumprem o papel de divulgarem o perfil que
almejamos destacar, seja ele positivo ou negativo. Sejamos nós pessoas famosas
ou não, certamente não estamos imunes ao olhar daqueles que nos acompanham, nos
seguem e, de algum modo, inspiram-se em nós ou sentem uma dorzinha de cotovelo
diante de nossas vivências e práticas.
Há quem publique imagens,
compartilhe pensamentos e faça comentários nas redes de modo arbitrário, sem
levar em conta a profissão que exerce, o que é um direito de cada um, afinal,
todos devem fazer de suas vidas o que acharem mais pertinente. Todavia, como as
redes servem como nosso cartão de visitas, é bom estarmos atentos às consequências
de apresentarmos uma perfil que contribua ou não para aquilo que esperamos ser
notório em nós.
Eu, por exemplo, busco usar minhas
mídias sociais de modo a não esconder o que sou, o que gosto de fazer; as ideias
que defendo e, além disso, partilhar um pouco de minha vida e experiências. Sou
festeira, publico fotos das festas que vou; gosto de viajar, e lá se vão as
imagens dos lugares por onde passo; alegro-me quando encontro meus amigos,
registro estes momentos também. Sei que isso pode não interessar a muita gente,
no entanto, caso as pessoas não gostem, é tão fácil deixar de seguir, não é?
Para além do desejo narcisista de
postar umas selfies, uma foto com
aquele look da moda, aprendi a usar
meu instagram e facebook para divulgar duas práticas norteadoras da minha
existência: ler e ensinar. Estou em sala de aula desde 2013 e, de lá para cá,
tenho buscado aperfeiçoar meu modo de promover a aprendizagem dos alunos e
aprender com eles, desse modo, atrelado ao fato de ser uma leitora apaixonada,
leio, leio muito, a fim de especializar-me no que faço. Neste sentido, sou
socrática e, a cada dia, afirmo saber o quanto não sei quase nada ainda.
Para minha felicidade, ensino
literatura e produção de texto (não gosto do termo produção, mas por hora é o
que tenho), assim, posso unir o útil ao agradável, lendo sem moderação, tanto
para aprender mais quanto para ensinar melhor. Por isso, minhas redes são
recheadas de atividades em sala de aula, às vezes elaboradas por mim, outras
vezes inspiradas em práticas de colegas ou em livros lidos. Esse é o meu modo
de fazer o saber circular, pois eu, muitas vezes, observo os bons exemplos de
outros profissionais para aplicar com meus alunos. Não há por que ter medo de
sermos copiados, já que nós também copiamos outras pessoas.
Além das atividades em sala, posto
as leituras que faço, visto que, para mim, é uma maneira de divulgar as obras
para leitores iniciantes ou experientes que, a partir de então, podem pedi-las
emprestadas a mim ou comprá-las. Na verdade, este é o meu modo de ajudar, ainda
que seja de uma maneira pouco tradicional, a formar leitores, ou, como afirma o
escritor e jornalista Gilberto Dimenstein, fazer uma curadoria de textos que
considero interessantes, os quais podem agradar a alguns dos meus seguidores.
Sei que para muitos isto é
exibicionismo. Sei também que podem achar que não leio tudo que posto, mas eu,
como não costumo atribuir ao outro aquilo que eu não sou capaz de fazer,
prefiro achar que pensam desse modo por morarmos em um país onde o nível de
leitura não é tão alto assim. Estão perdoados pelos julgamentos de valor
pré-concebidos. Continuarei postando meus livrinhos, emprestando-os a quem os
deseje, mas torcendo para que retornem ao meu convívio.
No mais, aquilo que minhas redes
exibem tem aberto caminhos para mim, não apenas profissionais, mas a
aproximação com pessoas que têm interesses semelhantes e gostam de trocar
ideias. Fico feliz quando alguém fala sobre minha paixão pelos livros; fico
feliz quando me parabenizam por uma tarefa desenvolvida em sala de aula. Porém, o que
me deixa mais contente é saber que há várias pessoas agindo igual a mim, e eu
posso pescar umas dicas e ideias em suas redes verdadeiramente sociais.
Feira de
Santana, 22 de abril de 2018
Micareta na
cidade, mas optei pelo bloco da leitura.
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