No meu corpo de fêmea há fendas,
marcas de mil ancestrais reprimidas.
Na pele que habito, desejos recalcados
por gerações: dar sem receber prazer.
Chega!
Sexo sem gozo dispenso.
Não mais
o corpo sem toque, o toque sem cheiro,
o beijo negado, o grito duramente
abafado na escuridão da noite.
Veja!
Eis um corpo de mulher a mostrar-se
na aurora deste dia, lua cheia a iluminar
as trevas do impedimento: empoderamento.
E a luta, e a luta... Dura, mas não vã.
FRANCO, Elis. In: Mulher poesia: antologia poétiva v. 3. Salvador|: Cogito, 2018, p. 76
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